A VIRTUALIDADE PÓS-MODERNA

        A partir da década de 1960, e no Brasil mais marcadamente no início da década de 90 do século XX, uma série de inovações científicas e tecnológicas convergiram para a criação de novos paradigmas. As redes interativas de computadores cresceram e criaram novos canais de informação e comunicação que promovem mudanças nas relações sociais, econômicas e culturais. A emergência da Internet, com a formação de comunidades virtuais de interação on-line, foi vista por muitos como o surgimento de novos padrões de relações sociais substituindo as antigas. Os críticos da Internet argumentam que a rede promove o isolamento social e um colapso da comunicação e da vida familiar. A sociabilidade real seria substituída por uma aleatória e virtual, baseada em identidades falsas e representação de papeis. Assim, a Internet foi acusada de induzir as pessoas apenas a viver suas fantasias on-line. Hoje, décadas depois, essa visão está ultrapassada. Com a difusão em massa da Internet, ela foi apropriada pela prática social em toda a sua diversidade, e essa apropriação tem efeitos sobre essa mesma prática. Pesquisas recentes mostram que a representação de papeis e a construção da identidade via Internet são uma pequena parcela da sociabilidade baseada na rede, e esse tipo de prática concentra-se nos adolescentes (Castells, 2001). A Internet não é um terreno onde prevalece a fantasia, mas uma extensão da vida como ela é, em todas as suas dimensões. E mesmo nos ambientes em que a representação de papeis é comum, esses papeis são moldados segundo as vidas reais dos “personagens”: “[...] a maioria dos usuários sociais da comunicação mediada por computador cria personalidades on-line compatíveis com suas identidades off-line” (Baym, 1998 apud Castells, 2001, p. 100).
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Heráclito, Parmênides e Jesus. Ser e/ou Não-ser?

Costuma-se estabelecer, já no começo da história da filosofia, uma grande oposição que dominaria todo seu desenvolvimento futuro: a oposição entre “ser” [de Parmênides] e “vir-a-ser” [de Heráclito]. Apesar dessa grande divergência, podem-se considerar estes dois filósofos como inauguradores da metafísica.

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O amor como lugar

Desmentindo a suposta crise da psicanálise, as intuições centrais de Freud adquirem somente agora seu pleno valor. Como a ética lacaniana pode nos orientar diante das inúmeras escolhas morais da atualidade?

Nestes últimos anos, uma nova onda triunfante proclama a morte da psicanálise: graças aos avanços recentes das neurociências, aí está ela, relegada ao lugar onde desde sempre pertenceu, no quintal pré-científico e obscurantista da busca dos sentidos ocultos, em companhia dos confessores religiosos e dos decifradores dos sonhos. Como disse Todd Dufresne, ninguém na história do pensamento humano esteve tão enganado sobre seus postulados fundamentais – com exceção de Marx, acrescentariam alguns, sem dúvida. E, de fato, como se poderia prever, em 2005, o lamentavelmente célebre Livro negro do comunismo, somando todos os crimes do comunismo, foi seguido do Livro negro da psicanálise, enumerando todos os erros teóricos e todas as manipulações clínicas da psicanálise. Nesse sentido negativo, pelo menos, a solidariedade profunda entre o marxismo e a psicanálise agora é mostrada aos olhos de todos.
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Uma relação ambivalente

Da identidade absoluta à oposição total, a relação tensa entre filosofia e psicanálise constitui um dos traços fundamentais da obra de Lacan

Lacan foi um teórico da psicanálise que se notabilizou pela importância que concedeu à filosofia. Suas referências filosóficas são superabundantes, as mais diversas tradições da filosofia encontram-se representadas em seus textos e em seus seminários, num desfile de nomes ilustres convocados à discussão dos mais variados tópicos da teoria psicanalítica. Esse index nominorum impressiona por sua extensão e variedade: podemos aí encontrar, em posição de destaque, Sócrates, Platão, Aristóteles, Plotino, Descartes, Pascal, Kant, Hegel, Kierkegaard e Heidegger, para ficarmos apenas com os mais famosos.
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O crime de Lady Gaga

Lady Gaga é o mais recente ídolo pop da cena internacional. Entenda-se por ídolo pop um indivíduo que encanta as massas com a habilidade artística de que é capaz sendo seu autor ou o mero representante de uma estética inventada por publicitários e estrategistas de produtos culturais. Nesse sentido, todo ídolo pop age como o flautista de Hamelin conduzindo por certo efeito de hipnose uma quantidade sempre impressionante de pessoas. Ele é também um guia estético e moral das massas. A propósito, entenda-se por massa um grupo de indivíduos que, ao se encontrar com outros, perde justamente a individualidade, tornando-se sujeito de sua própria dessubjetivação. Em outras palavras, ele é hipnotizado como se estranhamente desejasse sê-lo. A Indústria Cultural depende desse mecanismo, por meio do qual oferece ao indivíduo a oportunidade de se perder com a sensação de que está ganhando. O ídolo pop é a humana mercadoria que permite o gozo pelo logro que o espectador logrado aplica a si mesmo.
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A incompreensibilidade do mal

Se a filosofia é a tentativa de compreensão da condição humana, então a questão do mal ocupa o centro das preocupações – e a marca profunda que a tradição socrático-platônica deixou na constituição da herança filosófica bastaria para atestá-lo. Mesmo quando o questionamento se dá por via de uma racionalidade mais formal e orientada por paradigmas que desprezam as orientações ditas “metafísicas”, o mal não deixa de aparecer como uma constatação inseparável de certa perplexidade, oculta sob a aceitação dos limites da razão e do rigor da argumentação. Mais do que isso, ainda que o cinismo, contemporaneamente tão difundido, nos faça aceitar o mal como realidade dada ou como banalidade, essa pretensa certeza primária não nos isenta do incômodo presente na má-fé inerente ao conformismo e à indiferença ética.
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Revista Theoria – 6ª Edição


Un papa americano

O que é Metafísica?

É costume dizer-se que cada um tem sua Filosofia e até que todos os homens têm opiniões metafísicas. Nada poderia ser mais tolo. É verdade que todos os homens têm opiniões, e que algumas delas – tais como as opiniões sobre religião, moral e o significado da vida – confinam com a Filosofia e a Metafísica, mas raros são os homens que possuem qualquer concepção de Filosofia e ainda menos os que têm qualquer noção de Metafísica.
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