Arquivo de março 2009

A Filosofia é de matar!

Confira como foi a morte de vários filósofos.


Tales: Afogamento (água perigosa!)
Parmênides: Descobriu que era o não-ser
Ockham: Cortou-se com navalha ao fazer a barba
Descartes: Parou de pensar
Espinosa: Abusou da substância
Leibniz: Monadanucleose
Darwin: Acabou vencido na seleção natural
Hume: Convenceu-se de que não tinha causa e apenas existia por hábito
Kant: Não resistiu a uma crítica a seu respeito
Heidegger: Enquanto Dasein, chegou à impossibilidade de todas as possibilidades
Sartre: Por Náusea
Pascal: Ficou abatido depois de perder uma aposta
Wittgenstein: Tentou ver se a morte era uma experiência que se possa viver (alternativa: caiu de uma escada)
Hegel: Colisão com uma coruja ao anoitecer

E a esta seleta lista podemos acrescentar mais estes outros:

Anaxágoras: Falta de ar
Heráclito: Efeito do devir
James: Quis acreditar que estava morto
Platão: Ficou sem Ideias
Aristóteles: Lógico, dado que antes estava vivo
Tomás de Aquino: Perdeu-se nas Cinco Vias
Berkeley: Deus esqueceu-se dele
Kierkegaard: Por temor do tremor
Agostinho: Ficou sem tempo
Sócrates: A discussão chegou-lhe ao fim
Hobbes: Foi devorado pelo Leviatã

Ainda há que acrescentar:

Thomas More: não morreu no não-país em que a não-morte era não-morrer
Maquiavel: foi derrotado pela princesa mais temida que amada
Santo Anselmo: imaginou que estava morto e morreu
Marx: os seus próprios revolucionários revoltaram-se contra a sua revolução
Rousseau: foi morto por um bom selvagem, enquanto assinava um contrato social
Montesquieu: foi executado por uma interpretação legislativa do judiciário
Empédocles: suas homeomerias passaram a ser as homeomerias das minhocas
Demócrito: morto por uma bomba atômica
Chardin: foi absorvido pelo Cristo Cósmico
Nietzsche: pulou da janela achando que era o “super-homem”
Bacon: foi fritado

(Texto organizado a partir de elementos retirados do site Critica Na Rede e de contribuições de outros autores amantes da sabedoria).

Pensamento Mítico e Logos

O mito se opõe ao logos como a fantasia à razão, como a palavra que narra a palavra que demonstra. Logos e mito são as duas metades da linguagem, duas funções igualmente fundamentais da vida do espírito. O logos, sendo uma argumentação, pretende convencer. O logos é verdadeiro no caso de ser justo e conforme à lógica; é falso quando dissimula alguma burla secreta (sofisma) Mas o mito tem por finalidade apenas a si mesmo. Acredita-se ou não nele conforme a própria vontade, mediante um ato de fé, caso pareça “belo” ou verossímil, ou simplesmente porque se quer acreditar. O mito, assim, atrai em torno de si toda a parcela do irracional existente no pensamento humano; por sua própria natureza, é aparentado à arte, em todas as suas criações.


{GRIMAL, Pierre. A mitologia grega. p. 8-9}

O Cogito em Agostinho

Santo Agostinho acreditou ter superado os acadêmicos, levando o ceticismo destes à última conseqüência, ao dizer “se duvido, no ato de duvidar tenho consciência de mim mesmo como o que duvida. Se me engano, sou, pois o que não é não se engana.” Com a formulação si fallor sum, Agostinho antecipa Descartes em séculos.

Razão: Tu que queres conhecer-te a ti mesmo, sabes que existe?

Agostinho: Sei.

Razão: De onde sabes?

Agostinho: Não sei.

Razão: Sabes que te moves?

Agostinho: Não sei.

Razão: Sabes que te pensas?

Agostinho: Sim

Razão: Portanto, é verdade que pensas?

Agostinho: Sim.

Razão: Tu queres existir; viver e entender, mas existir para viver e viver para entender. Portanto, sabes que existes, sabes que vives, sabes que entendes.”

{Agostinho. Solilóquios. II, 1, 1.}

Quem, porém, pode duvidar que a alma vive, recorda, entende, quer, pensa, sabe e julga? Pois, mesmo se duvida, vive; se duvida lembra-se do motivo de sua dúvida; se duvida, entende que duvida; se duvida, quer estar certo; se duvida, pensa; se duvida, sabe que não sabe; se duvida, julga que não deve consentir temerariamente. Ainda que duvide de outras coisas não deve duvidar que duvida. Visto que se não existisse, seria impossível duvidar de alguma coisa.

{Agostinho. A Trindade. X, 10, 14.}

Pois, se me engano, existo. Quem não existe não pode enganar-se; por isso, se me engano, existo. Logo, quando é certo que existo, se me engano? Embora me engane, sou eu que me engano e, portanto, no que conheço que existo, não me engano. Segue-se também que, no que conheço que me conheço, não me engano.
Como conheço que existo, assim conheço que conheço.

{A Cidade de Deus. XI, XXVI.}

Gilles Deleuze: Platão, os gregos

      O platonismo aparece como doutrina seletiva, seleção dos pretendentes, dos rivais. Toda coisa ou todo ser pretendem a certas qualidades. Trata-se de julgar sobre o bem-fundado ou sobre a legitimidade das pretensões. A Idéia é posta por Platão como o que possui uma qualidade primeiro (necessária e universalmente); ela deverá permitir, graça à provas, a determinar o que possui uma qualidade em segundo, terceiro, segundo a natureza da participação. Tal é a doutrina do julgamento. O pretendente legítimo, é o participante, aquele que possui em segundo, aquele cuja pretensão é validada pela Idéia. O platonismo é a Odisséia filosófica que continua no neoplatonismo. Ora ele afronta a sofística como seu inimigo, mas também como seu limite e seu duplo: porque ele pretende a tudo ou a não importa o que, o sofista arrisca fortemente a embaralhar a seleção, a perverter o julgamento.
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Dom Rafael Cifuentes é novo membro da Academia de Filosofia

      Responsabilidade, pensamento filosófico, palavra da Igreja, razão e fé. Estas foram algumas das expressões citadas pelo Bispo de Nova Friburgo, Dom Rafael Llano Cifuentes, ao falar de sua nomeação como membro efetivo da Academia Brasileira de Filosofia.

      A cerimônia de posse será no dia 18 de março, na sede da Academia, quando ocupará a cadeira de número 16, antes pertencente a um dos maiores teólogos brasileiros, Dom Estevão Bettencourt, falecido no dia 14 de abril de 2008.
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