Humanismo como patologia

Vladimir Safatle: O humanismo parece querer nos ensinar a cartilha do passado

Há palavras que só podem ser escutadas quando gritadas. Só que, para gritar, é necessário força e, quando algumas dessas palavras não têm mais força para serem gritadas, a única coisa que resta é esperar que elas sejam ouvidas quando reduzirmos tudo o que nelas se contrapõe ao silêncio.

Percebamos, com os olhos de quem descobre um sintoma revelador, que aqueles que gostam de ancorar no porto do “humanismo” são os mesmos que não cansam de olhar para outros mares e chamar os que lá navegam de “niilistas”, “irracionalistas” e, se for necessário, até mesmo de “terroristas”. A estratégia é clara. A partir do momento em que a designação for imposta, nada mais falaremos do designado, pois simplesmente não será possível falar com ele, porque ele, no fundo, nada fala, haveria muito “fanatismo” nesses simulacros de sons e argumentos que ele chama de “fala”, haveria muito “ressentimento” em suas intenções, haveria muito “niilismo” em suas ações.
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A Justiça como base do Utilitarismo

GUISÁN, Esperanza. Utilitarismo, justiça e felicidade. In: PELUSO, Luiz Alberto (Org.). Ética e utilitarismo. Campinas: Editora Alínea, 1998, p. 131-141.

O Utilitarismo é uma corrente filosófica que tem sido mal interpretada ao longo da história. É generalizada, por exemplo, a má compreensão do papel da justiça nesta doutrina. Vários autores incorrem no erro de entender que a ética utilitarista, seria injusta e justificaria prejudicar minorias visando a felicidade da maioria.
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Ética Aristotélica e Pós-Modernidade

        Para Aristóteles a virtude está sempre em fazer a coisa justa no momento e do modo oportunos. Sua ética do meio-termo pode ser aplicada não só aos contemporâneos seus, mas também em nossos dias. De fato, atualizando o pensamento do filósofo, podemos nos questionar sobre o ser-ético do nosso tempo. Ao considerar-se o exposto no Livro IV de sua Ética a Nicômaco, percebemos claramente a tendência de nossa sociedade atual em “viver de extremos”. A lógica do consumismo, da lei de mercado, impõe ao homem a prodigalidade, ainda quando este não tem condições para isso. De fato, hoje, ser homem é ser consumidor. Mais >

Sobre a Verdade

BALLESTER, M. Verdade. In: VILLA, M. M. (org.). Dicionário de pensamento contemporâneo. São Paulo: Paulus, 2000, p. 764-768.

SOBRE A VERDADE

        O texto a seguir é a resenha do verbete “verdade”, segundo o Dicionário de pensamento contemporâneo, por M. Ballester. Segundo o referido dicionário, já os gregos falaram sobre a verdade, identificando-a com a alethéia, palavra que significa ‘desvelamento’ aplicado à realidade, que teve início com a busca da arché, o princípio de todas as coisas.
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Resenha: A Corrida para o Século XXI

SEVCENKO, Nicolau. A Corrida para o Século XXI: no Loop da Montanha Russa. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

Poucos têm uma história de vida como a do historiador Nicolau Sevcenko. Filho de imigrantes russos, da região da Ucrânia, fugidos da perseguição bolchevique, Sevcenko nasceu no Brasil, mais especificamente em São Paulo, em 1952. Dividiu a infância entre o trabalho, o esporte e, é claro, o estudo. “Cada uma dessas atividades me deu uma percepção do mundo bastante diferente, bastante significativa.” Depois de escorregar para o lado da bioquímica, decidiu-se pela história. Graduou-se em 1976, na Universidade de São Paulo, onde é professor titular desde 1999. Hoje, circula entre São Paulo e Londres, onde é membro do Centre for Latin American Cultural Studies, da Universidade de Londres. É também editor-associado de The Journal of Latin-American Cultural Studies, importante publicação da Universidade de Cambridge, Estados Unidos. Autor de obras pioneiras que contribuíram para consolidar o estudo da história da cultura brasileira – como Literatura como missão –, sua obra reflete um intelectual interessado por diversas áreas do conhecimento e um historiador interessado em se comunicar com o grande público, por isso escreve freqüentemente na imprensa, nacional e estrangeira.
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Filosofia Política: A Questão da Justiça de Acordo com “A República” de Platão

O presente trabalho traz algumas reflexões resumidas sobre a questão da justiça na vida política e social de acordo com os diálogos de Sócrates com os sofistas Polemarco, irmão do famoso orador Lísias, e Trasímaco; e com os irmãos de Platão: Gláucon e Adimanto.
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Fé Racionalizante e Filosofia Racional Pura

        O tema “Deus” deixa sua marca em toda a história da humanidade, sendo capaz de despertar nela uma profunda paixão até os dias de hoje. Até mesmo no discurso dos ateus, em particular Nietzsche, que falam sobre a “morte de Deus” existe uma busca pela eternidade, e a questão de “Deus” se levanta com toda a força em nosso meio.
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V Jornada de Filosofia – 5º Dia

V Jornada de Filosofia – 4º Dia