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Fenomenologia e Existência: Uma Leitura de Merleau-Ponty

“O inacabamento de uma filosofia do inacabamento é duplamente desconcertante”. Paul Ricoeur

Tal afirmação, por ocasião da morte de Merleau-Ponty, traduz o quanto ficou abala da a Filosofia contemporânea pela brusca interrupção da notável obra do mais autêntico e ao mesmo tempo mais profundamente original discípulo da filosofia husserliana. Merleau-Ponty, talvez mais que qualquer filósofo de sua geração, manifestou com vigor qualidades primordiais de autêntico filósofo: a perplexidade diante do mundo e o anseio constante em reaprender a ver este mundo. O caráter inacabado de sua obra não é definido. unicamente pela inesperada interrupção causada pela morte prematura (l96l), mas o próprio Merleau-Ponty não deixou de insistir (aliás, como seu mestre Husserl já o fineza), no “caráter incoativo da filosofia”, do incessante recomeçar da tarefa filosófica que recusa toda cristalização da obra em sistema acabado e fechado. De fato, ele via no inacabamento da fenomenologia, da qual foi e permanece ainda, pelas suas obras, um dos mais brilhantes representantes, não um sinal de fracasso, de indefinição, mas sim o reconhecimento de sua fertilidade e de sua verdadeira tarefa, a saber: ‘revelar o mistério do mundo e o mistério da razão”. ¹

A leitura de Merleau-Ponty não só se, justifica pela relevância de sua contribuição para muitos problemas filosóficos atuais, mas sobretudo porque através dela entramos no próprio processo da Filosofia, cuja tarefa é, segundo Merleau-Ponty, que reaprendamos a ver o mundo. (Prefácio, pág. XV). De fato, como afirma Merleau-Ponty no Eloge de Ia philosophie,: “filosofar é procurar, é, implicar que há coisas para se ver e se dizer”.
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Foucault e a Existência do Discurso

      1. Qualquer coisa é dita. E talvez antes de procurarmos dizer o que é que isso, isso que foi dito, quer dizer, ou como, como é que isso foi dito, ou ainda, o que é que foi feito ao dizer isso, quando se disse isso, e na medida em que foi isso, isso, e não outra coisa, que se disse, antes de procurarmos descrever o sentido, o modo e a ação do que foi dito, talvez, antes de tudo disso, seja necessário responder a esta questão: por que é que foi dito isso, isso exatamente, isso e não outra coisa que teria sido, até, possível dizer? Responder à questão: o que é que tornou possível dizer isso? Mais >