“Estranhamente, diante do retrato dessa ou daquela pessoa, a questão que se coloca não é saber como ela era antes, nos segundos, dias ou anos precedentes, nem como será depois, quais serão seus movimentos imediatos exatamente após a foto. Tudo isso se dilui em proveito da evidência da própria fotografia. (…) A fotografia existe como algo articulado a um conjunto de referentes supostos mas inacessíveis. Seu efeito de verdade depende da relação que ela suscita entre a autenticação do que é dado a ver e a impossibilidade de ver a coisa, sem que se faça referência a um antes e depois. (…) nesse sentido é que se considera a fotografia como sendo, antes de tudo, a paralisação ou estabilização de um movimento que somos levados a inventar”

REVISTA IMAGENS. Editora da Unicamp. Número 3, dezembro de 1994. Pg. 103