— Ora, crês que, se um homem fosse capaz de fazer indiferentemente o objeto a imitar e a imagem, optaria por consagrar a sua atividade ao fabrico das imagens, e poria esta ocupação no primeiro plano de sua vida, como se para ele nada houvesse de melhor?
— Não, por certo.
— Mas se fosse realmente versado no conhecimento das coisas que imita, suponho que se aplicaria muito mais a criar do que a imitar, que procuraria deixar atrás de si grande número de belas obras, como outros tantos monumentos, e que desejaria muito mais ser louvado do que louvar outros.
— Assim o creio – respondeu pois não há, nesses dois papéis, igual honra e proveito.

Platão. República, vol. 2. Tradução de J. Guinsburg, São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1965. Pg.219-223