Artigo

O método desviante

Algumas teses impertinentes sobre o que não fazer num curso de filosofia

            Como uma boa e velha professora de filosofia, prefiro cercear o assunto, amplo demais, por caminhos negativos, desvios e atalhos que não parecem levar a lugar algum. Digo “professora de filosofia”, porque meu território de atuação é, primeiramente, a sala de aula e a dinâmica com os estudantes, com todas as vantagens e todas as restrições que o ensino universitário no Brasil traz consigo. E digo também uma “velha” professora de filosofia porque posso me permitir, hoje, nesse momento de minha carreira acadêmica, algumas provocações que não vão (pelo menos, assim o espero!) colocar em questão nem meu contrato nem meu emprego. Imagino que os jovens colegas, com ou sem vaga ainda, não ousariam pensar de tal maneira, pelo menos explicitamente, porque têm que assegurar primeiro seu lugar no sol. Ofereço a eles um pequeno descanso na sombra.
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Liberdade em Sartre

      A tarefa de compreender o significado e o alcance da liberdade na filosofia de Sartre pode começar por um comentário rápido da frase que se tornou uma espécie de lema do existencialismo: “A existência precede a essência”. Na tradição filosófica, o conhecimento sempre seguia uma ordem bem determinada, primeiramente o conhecimento da essência de algum objeto (inclusive o ser humano), uma vez que aí se encontrariam os atributos principais que definiam o ser e a verdade daquilo que deveria ser conhecido; em segundo lugar atentava-se para a existência, esfera da manifestação das qualidades definidoras ou essenciais do objeto. Essa precedência da essência em relação à existência tinha um propósito claro: tratava-se de compreender, antes de tudo, as noções que determinavam o objeto a ser tal como ele se nos apresentava, pois os vários modos de seu aparecimento só podiam provir de suas determinações. Por isso, nas teorias tradicionais, conhecer significa principalmente determinar, isto é, entender que o objeto é necessariamente o conjunto de suas determinações. Supunha-se que essa visão garantisse a exatidão do conhecimento.
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Merleau-Ponty: a obra fecunda

Num curso sobre o conceito de Natureza, ministrado em 1956/57, no Collège de France, Merleau-Ponty afirma que o problema ontológico é aquele ao qual se subordinam todos os outros e por isso mesmo a ontologia não pode ser um teísmo, um naturalismo ou um humanismo, ou seja, não pode identificar o Ser com um dos seres – Deus, o homem ou a Natureza. Essa posição é reafirmada na última nota de trabalho de seu livro inacabado, O visível e o invisível, quando apresenta o plano de seu escrito, escrevendo: “Trata-se precisamente de mostrar que a filosofia não pode mais pensar segundo esta clivagem: Deus, o homem, as criaturas”. Essa nota circunscreve três impulsos filosóficos que serão afastados pelo trabalho merleau-pontyano: o teológico, que coloca o Absoluto como ponto de partida; o humanista, presente tanto nas filosofias da consciência quanto nas antropologias filosóficas, que faz da subjetividade o ponto de partida; e, enfim, o naturalismo cientificista e o de um certo materialismo que, desejoso de corrigir as tendências anteriores, toma o homem e o mundo como processos objetivos impessoais.
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Fenomenologia e Existência: Uma Leitura de Merleau-Ponty

“O inacabamento de uma filosofia do inacabamento é duplamente desconcertante”. Paul Ricoeur

Tal afirmação, por ocasião da morte de Merleau-Ponty, traduz o quanto ficou abala da a Filosofia contemporânea pela brusca interrupção da notável obra do mais autêntico e ao mesmo tempo mais profundamente original discípulo da filosofia husserliana. Merleau-Ponty, talvez mais que qualquer filósofo de sua geração, manifestou com vigor qualidades primordiais de autêntico filósofo: a perplexidade diante do mundo e o anseio constante em reaprender a ver este mundo. O caráter inacabado de sua obra não é definido. unicamente pela inesperada interrupção causada pela morte prematura (l96l), mas o próprio Merleau-Ponty não deixou de insistir (aliás, como seu mestre Husserl já o fineza), no “caráter incoativo da filosofia”, do incessante recomeçar da tarefa filosófica que recusa toda cristalização da obra em sistema acabado e fechado. De fato, ele via no inacabamento da fenomenologia, da qual foi e permanece ainda, pelas suas obras, um dos mais brilhantes representantes, não um sinal de fracasso, de indefinição, mas sim o reconhecimento de sua fertilidade e de sua verdadeira tarefa, a saber: ‘revelar o mistério do mundo e o mistério da razão”. ¹

A leitura de Merleau-Ponty não só se, justifica pela relevância de sua contribuição para muitos problemas filosóficos atuais, mas sobretudo porque através dela entramos no próprio processo da Filosofia, cuja tarefa é, segundo Merleau-Ponty, que reaprendamos a ver o mundo. (Prefácio, pág. XV). De fato, como afirma Merleau-Ponty no Eloge de Ia philosophie,: “filosofar é procurar, é, implicar que há coisas para se ver e se dizer”.
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São Justino e a Verdadeira Filosofia

Resumo

Este artigo faz referência à obra de SÃO JUSTINO (Apologia I e II: diálogo com Trifão) dirigida ao Imperador Tito, ao seu filho Veríssimo, filósofo, e a Lúcio, filho natural do César, filósofo, ao sacro império e a todo o povo romano, citando algumas teses relevantes deste importante filósofo, que foi um defensor dos ensinamentos de Cristo como a VERDADEIRA FILOSOFIA.
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O carnaval

Resumo

Este artigo pretende apresenta um olhar antropológico, sociológico e filosófico sobre a festa do carnaval que é um aspecto que caracteriza a cultura Brasileira. O conteúdo deste tem como base a obra: O que faz brasil, Brasil?, do sociólogo Roberto da Mata. Tal obra faz uma definição do Brasil, tendo interesse de responder para o leitor o que faz brasil, Brasil, mostrando a sua identidade própria.

Palavras-chave: identidade, carnaval, alegria, liberdade.
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O Argumento Ontológico de Anselmo de Aosta

      Anselmo de Cantuária nasce em 1033 perto de Aosta. Com a mãe aprende a conhecer e amar a Deus. Seus estudos foram confiados aos beneditinos de Aosta, onde realizou rápido progresso. Pensa em tornar-se monge, sem a permissão do pai e da mãe. Torna-se livre aos 24 anos após o falecimento de sua mãe e do ingresso de seu pai em um mosteiro. Saindo de Aosta partindo para Borgonha e França. Anselmo procura pelos melhores mestres na intensão de se tornar um deles. Torna-se prior de Lanfranco quando este é nomeado abade em Bec em 1063, Anselmo é nomeado abade em 1086. Em 1093 foi nomeado bispo de Cantuária, na Inglaterra, onde fora visitar um amigo gravemente enfermo.
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A Felicidade em Aristóteles

      O tema central do livro X da Ética a Nicômaco é a felicidade, bem supremo procurado por todos os homens.
      A experimentação da virtude, segundo o Estagirita, pode-se dar pelo prazer. Para se ter uma vida feliz, os homens escolhem o que lhes é agradável e evitam a dor. O prazer é parte da natureza humana:
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Dor e Sofrimentos Humanos

      Ao tratarmos do homem como ser, nos deparamos com uma infinita gama de definições e conceitos que refletem a complexidade do assunto. Quem é o homem? Qual seu papel no cosmos? O que deve fazer? São perguntas que movem as discussões sobre esse ser peculiar e inigualável.
      A proposta deste artigo é analisar a dor e sofrimento como instrumentos da limitação humana, não obstante o homem poder superá-la através de modificações dos elementos que estão ao seu redor e ao seu dispor.
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