Artigo

A incompreensibilidade do mal

Se a filosofia é a tentativa de compreensão da condição humana, então a questão do mal ocupa o centro das preocupações – e a marca profunda que a tradição socrático-platônica deixou na constituição da herança filosófica bastaria para atestá-lo. Mesmo quando o questionamento se dá por via de uma racionalidade mais formal e orientada por paradigmas que desprezam as orientações ditas “metafísicas”, o mal não deixa de aparecer como uma constatação inseparável de certa perplexidade, oculta sob a aceitação dos limites da razão e do rigor da argumentação. Mais do que isso, ainda que o cinismo, contemporaneamente tão difundido, nos faça aceitar o mal como realidade dada ou como banalidade, essa pretensa certeza primária não nos isenta do incômodo presente na má-fé inerente ao conformismo e à indiferença ética.
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O que é Metafísica?

É costume dizer-se que cada um tem sua Filosofia e até que todos os homens têm opiniões metafísicas. Nada poderia ser mais tolo. É verdade que todos os homens têm opiniões, e que algumas delas – tais como as opiniões sobre religião, moral e o significado da vida – confinam com a Filosofia e a Metafísica, mas raros são os homens que possuem qualquer concepção de Filosofia e ainda menos os que têm qualquer noção de Metafísica.
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Humanismo como patologia

Vladimir Safatle: O humanismo parece querer nos ensinar a cartilha do passado

Há palavras que só podem ser escutadas quando gritadas. Só que, para gritar, é necessário força e, quando algumas dessas palavras não têm mais força para serem gritadas, a única coisa que resta é esperar que elas sejam ouvidas quando reduzirmos tudo o que nelas se contrapõe ao silêncio.

Percebamos, com os olhos de quem descobre um sintoma revelador, que aqueles que gostam de ancorar no porto do “humanismo” são os mesmos que não cansam de olhar para outros mares e chamar os que lá navegam de “niilistas”, “irracionalistas” e, se for necessário, até mesmo de “terroristas”. A estratégia é clara. A partir do momento em que a designação for imposta, nada mais falaremos do designado, pois simplesmente não será possível falar com ele, porque ele, no fundo, nada fala, haveria muito “fanatismo” nesses simulacros de sons e argumentos que ele chama de “fala”, haveria muito “ressentimento” em suas intenções, haveria muito “niilismo” em suas ações.
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A Justiça como base do Utilitarismo

GUISÁN, Esperanza. Utilitarismo, justiça e felicidade. In: PELUSO, Luiz Alberto (Org.). Ética e utilitarismo. Campinas: Editora Alínea, 1998, p. 131-141.

O Utilitarismo é uma corrente filosófica que tem sido mal interpretada ao longo da história. É generalizada, por exemplo, a má compreensão do papel da justiça nesta doutrina. Vários autores incorrem no erro de entender que a ética utilitarista, seria injusta e justificaria prejudicar minorias visando a felicidade da maioria.
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Ética Aristotélica e Pós-Modernidade

        Para Aristóteles a virtude está sempre em fazer a coisa justa no momento e do modo oportunos. Sua ética do meio-termo pode ser aplicada não só aos contemporâneos seus, mas também em nossos dias. De fato, atualizando o pensamento do filósofo, podemos nos questionar sobre o ser-ético do nosso tempo. Ao considerar-se o exposto no Livro IV de sua Ética a Nicômaco, percebemos claramente a tendência de nossa sociedade atual em “viver de extremos”. A lógica do consumismo, da lei de mercado, impõe ao homem a prodigalidade, ainda quando este não tem condições para isso. De fato, hoje, ser homem é ser consumidor. Mais >

Sobre a Verdade

BALLESTER, M. Verdade. In: VILLA, M. M. (org.). Dicionário de pensamento contemporâneo. São Paulo: Paulus, 2000, p. 764-768.

SOBRE A VERDADE

        O texto a seguir é a resenha do verbete “verdade”, segundo o Dicionário de pensamento contemporâneo, por M. Ballester. Segundo o referido dicionário, já os gregos falaram sobre a verdade, identificando-a com a alethéia, palavra que significa ‘desvelamento’ aplicado à realidade, que teve início com a busca da arché, o princípio de todas as coisas.
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Filosofia Política: A Questão da Justiça de Acordo com “A República” de Platão

O presente trabalho traz algumas reflexões resumidas sobre a questão da justiça na vida política e social de acordo com os diálogos de Sócrates com os sofistas Polemarco, irmão do famoso orador Lísias, e Trasímaco; e com os irmãos de Platão: Gláucon e Adimanto.
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Fé Racionalizante e Filosofia Racional Pura

        O tema “Deus” deixa sua marca em toda a história da humanidade, sendo capaz de despertar nela uma profunda paixão até os dias de hoje. Até mesmo no discurso dos ateus, em particular Nietzsche, que falam sobre a “morte de Deus” existe uma busca pela eternidade, e a questão de “Deus” se levanta com toda a força em nosso meio.
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Nascimento e Morte do Mal

         É famosa a reflexão dos epicuristas gregos sobre o mal.

        O Epicurismo é um sistema filosófico ensinado por Epicuro de Samos, filósofo ateniense do século IV a.C. e seguído depois por outros filósofos, chamados epicuristas. Epicuro propunha uma vida de contínuo prazer como chave para a felicidade, esse era o objetivo de seus ensinamentos morais. Para Epicuro, a presença do prazer era sinônimo de ausência de dor, ou de qualquer tipo de aflição: a fome, a abstenção sexual, o aborrecimento, etc.
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