Filosofia
Era uma vez…
04/10/08
Era uma vez…
Uma pessoa que entrou em uma padaria e pediu:
Por favor, eu quero dois pãezinhos e duas roscas.
O atendente, outra pessoa, pergunta de volta:
-Mas você quer pão Frances ou de forma?
Responde o primeiro:
Tanto faz a minha bicicletinha é verde…
A primeira vista esta pequena introdução pode parecer ridícula, mas não são todas as cartas de amor ridículas?
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A poesia impede a dissolução dos rostos
02/10/08
Querem que as pessoas comecem por se conhecer bem. Mas se o ser humano fosse vocacionado para o conhecido, acasalaria com irmãos, tios, primos, com os gatos. Que nem por isso parecem particularmente íntimos uns dos outros.
Trata-se de um processo lento, profissional, quase inperceptível: um dia um amigo abandona-nos e encolhemos os ombros, um dia descobrimo-nos cáusticos por tudo e deslumbrados por nada, um dia a própria palavra deslumbramento nos dá vontade de rir, um dia a febre da melancolia transforma-se na enxaqueca do tédio, um dia chamamos pudor ao pavor e juramos que nunca mais havemos de chorar.
Os poetas sobrevivem a estas juras, pela arte que têm em escapar às fronteiras epistemológicas que isolam essências e aparências. E pela contínua vigilância sobre a corrosão das palavras. O seu trabalho intelectual parte da ousadia de se expor sentindo. Entendem que a fraude é um bicho carnívoro e não um animal doméstico que podemos amimar ou dispensar. Fazem da escrita uma fórmula infinita de multiplicação da vida, morrem e ressuscitam vezes sem conta em busca da palavra, a canção ligeira sobre música séria onde cintila o sangue desse movimento de passagem. Têm coragem de manter a alma adolescente, velha, cheia de musgo e de rasgões. Sabem que a vulnerabilidade é o preço a pagar pelo luxo de uma aparição. Sabem que quem mente ao que é cai do primeiro degrau da escada da eternidade.(…)
A poesia impede a dissolução dos rostos, nomeia-os e descreve cada uma das suas sombras, fragilidades, desejos e sonhos. Nesse sentido é uma barragem contra a desumanidade, fixando o”acontecimento” ético- normalmente intermitente-do súbito encontro de um rosto-o rosto inesperadamente humano do inimigo em que se tropeça no campo de batalha, de que falava Emmanuel Lévinas.
{Inês Pedrosa}
What a piece of work is man!
02/10/08
Ser ou não ser… Eis a questão. Que é mais nobre para a alma: suportar os dardos e arremessos do fado sempre adverso, ou armar-se contra um mar de desventuras e dar-lhes fim, tentando resistir-lhes? Morrer… dormir… nada mais. Imaginar que um sonho põe remate aos sofrimentos do coração e golpes infinitos que constituem herança natural da carne, é solução para almejar-se. Morrer… dormir… dormir… Tavez sonhar… É aí que bate o ponto! O não sabermos que sonhos poderá trazer o sono da morte, quando alfim desenrolarmos toda a meada mortal nos põe suspensos. É essa idéia que torna verdadeira calamidade a vida assim tão longa! Pois quem suportaria o escárnio e os golpes do mundo, as injustiças dos mais fortes, os maus tratos dos tolos, a agonia de um amor não retribuído, as leis morosas, a implicância dos chefes e o desprezo da inépcia contra o mérito paciente se estivesse em suas mãos obter sossego com um punhal? Quem fardos levaria nesta vida cansada, a suar, gemendo, se não por temer algo após a morte – terra desconhecida de cujo âmbito ninguém voltou – que nos inibe a vontade, fazendo com que aceitemos os males conhecidos sem buscarmos refúgio em outros males ignorados? Desta arte o natural frescor de nossa resolução definha sob a máscara do pensamento, e empresas momentosas se desviam da meta diante dessas reflexões. Mas, silêncio! Aí vem vindo a bela Ofélia. Em tuas orações, ninfa, recorda-te de meus pecados.
{William Shakespeare} – Hamlet
III Jornada de Filosofia
01/10/08

29/09/08
19h30m – Sessão Solene de Abertura da III Jornada de Filosofia
Participação do Coral do Seminário Arquidiocesano de Pouso Alegre.
20h – Conferência: Linguagem, Literatura e Filosofia
Profª. Dra. Olga de Sá (FATEA – Lorena-SP)

30/09/08
14h-18h – Curso Breve: A Filosofia na obra de Machado de Assis
Prof. Giovanni Marques Santos (Mestrando em História e Teoria Literária – UNICAMP)
19h30m – Conferência: Clarice Lispector e o Existencialismo
Profª. Dra. Mírian dos Santos (UNIVÁS)

01/10/08
19h30 – Conferência: Beckett e a desintegração da linguagem
Prof. Dr. Lauro Baldini (UNIVÁS)

02/10/08
14h-16h – Curso Breve: Abordagem antropológica do “Hamlet” de Shakespeare (Primeira Parte)
Profª. Ms. Joelma Pereira de Faria (UNIVÁS/ FACAPA)
19h30m – Conferência: A caminho do pensamento e da poesia
Prof. Dr. Renato Kirchner (Universidade São Francisco – Bragança Paulista-SP)

03/10/08
14h-16h – Curso Breve: Abordagem antropológica do “Hamlet” de Shakespeare (Segunda Parte)
Profª. Ms. Joelma Pereira de Faria (UNIVÁS/ FACAPA)
19h – Apresentação de Comunicações
20h30m – Café Filosófico: Filosofia e Literatura hoje – desafios e perspectivas
Prof. Giovanni Marques Santos (Mestrando em História e Teoria Literária – UNICAMP)
Encerramento da III Jornada de Filosofia

Moderador: Profa. Marilda de Castro Laraia
19h10m – Maike Riceli de Souza (UNIVÁS) –
Quem é Amadeu de Queiroz?
19h30m – José Augusto G. M. e Silva/ Selma de C. Gonçalves (FACAPA) –
O amor platônico na obra-prima de Shakespeare
19h50m – Paulo Araújo de Almeida (FACAPA) –
Alcântara Silveira: o Poeta e o Filósofo

Moderador: Prof. Pedro Rodolfo Fernandes da Silva
19h10m – Samuel Araújo Ferreira (FACAPA) –
O Segundo Tratado sobre o Governo de John Locke
19h30m – Carlos Roberto da Silveira (FACAPA) –
A inveja e a justiça na poesia filosófica dos aedos

Moderador: Prof. Pe. Juliano de Almeida Oliveira
19h10m – Leila Silvia L.S. Tourinho (FACAPA) –
A fusão de horizontes em Gadamer: Possíveis interpretações de Prometeu à luz de Hesíodo e Goethe
19h30m – Rogério Lobo Sáber (UNIVÁS) –
Análise poética do Motivo de Cecília Meirelles
19h50m – Adriano Geraldo da Silva (FACAPA) –
A questão do intelecto possível no De unitate intellectus contra auerroistas de Santo Tomás de Aquino

Moderador: Prof. Antonio Gilberto Balbino
19h10m – Leandro Luis M. Ribeiro (FACAPA) –
Alteridade: A Ética de Emmanuel Lévinas
19h30m – Rafael Pereira de Souza (UNIVÁS) –
A importância da Literatura e de Clarice Lispector
19h50m – João Henrique da Silva (FACAPA) –
O paradoxo da existência: uma abordagem existencial dos estádios no caminho da vida em Soren Kierkegaard

Moderador: Profa. Joelma Pereira de Faria
19h10m – Laila de Castro Costa (UNIVÁS) –
Significação dos textos poéticos de Rubem Alves e das letras de músicas sertanejas
19h30m Ronne Peterson de F. Oliveira (FACAPA) –
A leitura popular da Bíblia na perspectiva de Carlos Mesters
19h50m – Lucas Silva Crispim (FACAPA) –
O conceito de Política em Santo Agostinho
Machado de Assis
28/09/08
[De Memórias Póstumas de Brás Cubas]
Talvez espante ao leitor a franqueza com que lhe exponho e realço a minha mediocridade; advirta que a franqueza é a primeira virtude de um defunto.
Na vida, o olhar da opinião, o contraste dos interesses, a luta das cobiças obrigam a gente a calar os trapos velhos, a disfarçar os rasgões e os remendos, a não estender ao mundo as revelações que faz à consciência; e o melhor da obrigação é quando, a força de embaçar os outros, embaça-se um homem a si mesmo, porque em tal caso poupa-se o vexame, que é uma sensação penosa e a hipocrisia, que é um vício hediondo.
Mas, na morte, que diferença! que desabafo! que liberdade!
Como a gente pode sacudir fora a capa,deitar ao fosso as lentejoulas, despregar-se, despintar-se, desafeitar-se, confessar lisamente o que foi e o que deixou de ser!
Porque, em suma, já não há vizinhos, nem amigos, nem inimigos, nem conhecidos, nem estranhos; não há platéia.
O olhar da opinião, esse olhar agudo e judicial, perde a virtude, logo que pisamos o território da morte; não digo que ele se não estenda para cá, e nos não examine e julgue; mas a nós é que não se nos dá do exame nem do julgamento.
Senhores vivos, não há nada tão incomensurável como o desdém dos finados.
{Machado de Assis} – 1839- 1908
Papel do aluno na avaliação é discutido
22/09/08
Após a divulgação do novo indicador, o Índice Geral dos Cursos (IGC), que reprovou um terço das instituições de ensino superior do Brasil, dirigentes de universidades públicas e privadas criticaram o novo sistema de avaliação do Ministério da Educação (MEC). Uma crítica comum, feita por dirigentes, foi em relação ao Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) que serve como base para o IGC. “Os alunos não têm compromisso com o exame”, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Mantenedores de Ensino Superior (Abmes) Gabriel Mário Rodrigues.
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Primeiros Diálogos
21/09/08
Primeiros Diálogos: em que medida se pode falar em uma “filosofia” oriental?
O Grupo de Estudos em Filosofia Oriental, que iniciou suas atividades no último dia 09 de setembro informa os conteúdos de suas discussões. Nos dois primeiros encontros discutiu-se a pertinência de se falar em “Filosofia” Oriental. Foram levantadas três maneiras distintas e possíveis de se apreender o Oriente a partir da nossa realidade atual. Mais >

