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Beckett

     Pois é! Na falta temporária da nossa amiga Sueli, coube a mim a tarefa de relatar um pouco sobre a conferência “Beckett e a desintegração da linguagem” apresentada pelo Prof. Dr. Lauro Baldini nesse terceiro dia da III Jornada de Filosofia da Faculdade Católica de Pouso Alegre.
     Difícil falar sobre alguém que, categoricamente, afirma não ter nada a dizer. Assim se declara Samuel Beckett.
     Mas, como este homem extremamente versátil, que produziu romances, peças, programas de rádio, contos, novelas e até um filme, pode ser associado à desintegração da linguagem? Apesar de não acreditar na palavra, escreveu incessantemente e, com a sua literatura da “des-palavra”, ganhou o prêmio Nobel de Literatura em 1969. Acha paradoxal?

     Pois então leia a trilogia romanesca de Beckett: “Molloy”, “Malone Morre” e “O Inominável”. Ele garante serem correlatas entre si. Talvez o que as une (e isso são considerações minhas) seja a ordem decrescente das mesmas em relação aos elementos. Na primeira, dois personagens. Na segunda, apenas um. Na terceira, o inominável. Não existem tramas, cenários, enredos, heróis… nada. Essa é a palavra: NADA! Beckett gira ao redor do nada de forma tão magistral que, não raro, nós, leitores, nos vemos no centro de suas obras.
     Mais uma vez paradoxal? Claro! O quê você espera de um homem que diz:

“Não tenho nada a dizer, mas somente eu sei como dizer isto.”

Palavras de Beckett…

Escrito por: Ana Flavia – 2º Período de Filosofia

Fotos Terceiro dia…

Beckett… Trechos

O Inominável

“Procurei por todo lado. E todas essas perguntas faço a mim mesmo. Não é por curiosidade. Não Posso calar-me. Não, nem tudo é claro. Mas o discurso tem de ser feito.”

“É o fim que é o pior, não, é o começo que é o pior, depois é o meio, mas depois é o fim que é o pior, essa voz que é cada instante, que é o pior… é preciso continuar ainda um pouco, é preciso continua ainda muito tempo, é preciso continuar ainda sempre…”

“Eu sou em palavras, eu sou feito de palavras, palavras dos outros. Eu sou todas estas palavras, todos estes estrangeiros, esta poeira de verbo. E preciso dizer palavras enquanto elas estão aí (…) é preciso tentar logo, com as palavras que restam.”

“não posso continuar, vou continuar”
“Je ne peux pas continuer, je vais continuer”
“I can´t go on, I’ll go on”
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Prof. Dr. Lauro Baldini

III Jornada de Filosofia

Prof. Dr. Lauro Baldini possui graduação em Letras, fez Mestrado e Doutorado em Lingüística na UNICAMP, sob a orientação da Profa. Dra. Eni Orlandi. Sua área de atuação é a Análise de Discurso, com ênfase na articulação entre esta disciplina e os campos do marxismo e da psicanálise. É membro da Associação Brasileira de Lingüística (ABRALIN) e do Grupo de Estudos Lingüísticos de São Paulo (GEL). Atualmente, coordena o projeto de pesquisa Discurso e subjetividade: o dizer do mal-estar (UNIVÁS) e participa como pesquisador de dois projetos: História das Idéias Lingüísticas (UNICAMP) e Discurso, Memória e Processos Identitários (UNIVÁS). É professor-colaborador do curso de Mestrado em Lingüística da UNIVÁS, diretor-executivo do Instituto 14 Bis de Educação e Cultura e membro do Comitê de Redação da revista Línguas e Instrumentos Lingüísticos , da Editora Pontes. Para mais informações, clique aqui.

Um lugar.

Onde nenhum. Um tempo para tentar ver. Tentar dizer. Quão pequeno. Quão vasto. Se não ilimitado com que limites. Donde o obscuro. Agora não. Agora que se sabe mais. Agora que não se sabe mais. Sabe-se somente que saída não há. Sem se saber porque se sabe somente que saída não há. Somente entrada. E daí um outro. Um outro lugar onde nenhum. Donde outrora dali regresso nenhum. Não. Lugar nenhum a não ser só um. Nenhum lugar a não ser só um onde lugar nenhum. Donde nunca outrora uma entrada. Dalgum modo uma entrada. Sem um só além. Dali donde não há ali. Por lá onde por lá não há. Ali sem de lá nem dali nem sequer por onde.

{Samuel Beckett} – “Pioravante Marche”

Diario de Bordo – 02

      E vamos para o diário de bordo do segundo dia, caminhamos junto a Clarice e Sartre e usando como exemplo a pobre da Macabéa.
Antes de começar a contar sobre a vida de Macabéa propriamente dita, o narrador revela uma série de coisas, como se estivesse conversando com o leitor e é isso que faço aqui também…
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Fotos Segundo dia…

Segundo dia…

Epifania: (sensação)

      O termo é usado nos sentidos filosófico e literal para indicar que alguém “encontrou a última peça do quebra-cabeça e agora consegue ver a imagem completa”. É aplicado quando um pensamento inspirado e iluminante acontecem que parece ser divino em natureza (este é o uso em língua inglesa, principalmente, como na expressão I just had an epiphany, o que indica que ocorreu um pensamento, naquele instante, que foi considerado único e inspirador, de uma natureza quase sobrenatural)—-> Macabéa —–> A Hora da Estrela— à Clarice Lispector— à Profª. Dra. Mírian dos Santos (UNIVÁS).
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A Filosofia na obra de Machado de Assis

      Inicialmente, o Professor Giovanni Marques Santos, falou sobre a vida de Machado de Assis e fatos importantes de sua história pessoal que possivelmente marcaram sua obra, como no caso do tema “a ascensão do mestiço”, visto sua condição de mulato, neto de escravos alforriados; e as outras enfrentadas por Machado no início de sua carreira literária. Além de muitas dificuldades de ordem social e financeira, como se sabe, Machado era míope (e quase vesgo), gago, epilético, diabético (doença que lhe causou uma cegueira temporária). Apesar de tantas barreiras, Machado percorreu o inimaginável trajeto do menino órfão vendedor de doces à Primeiro Presidente da Academia Brasileira de Letras. De fato, talvez graças à essas “barreiras”, é que Machado tempera com boa dose de sarcasmo suas obras.
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