Alunos de Filosofia

           Na primeira semana de aulas da faculdade de filosofia, encaramos a primeira “pergunta”. É fatal; no começo de cada nova disciplina, o professor(a), que está buscando conhecer seus alunos a dispara: Por que você veio estudar filosofia? Repetições à parte, a questão pede reflexão, pois diz muito de nós. Afinal; por quê? Podemos de uma maneira bem simples, porém sintética, dizer que “buscamos”. É isso mesmo! Buscamos algo que já não conseguimos encontrar sozinhos; Parâmetros para uma vida mais justa, plena e satisfatória. Queremos novas formas de lidar com um mundo e uma vida cada vez mais vazia de sentido, onde aquele que não consegue aceitar o “fluxo” de velocidade, superficialidade, luz e som, se desajusta, e sofre. A “correnteza” é fácil, mas será que é suficiente? Quantas vezes acordamos de manhã e nos perguntamos: Para quê? Qual a resposta? Neuroquímica? Felicidade cor de rosa e instantânea? Ou viver realmente, mesmo que isso signifique também sofrer? Uns tomam prozac. Outros… Então, podemos dizer que queremos adquirir certo instrumental, capaz de proporcionar uma visão mais profunda e verdadeira de nós, do outro, do mundo e da dimensão do absoluto. Assim como o homem primitivo que tirou do fogo o calor e a luz, queremos tirar do pensar (fogueira da qual restará apenas a “fumaça” das nossas abstrações) a luz e o calor que nos salvarão do vazio, do nada. Olhando ao redor, percebemos que as casas, as ruas, as escolas e igrejas estão cheias de “alunos de filosofia” na primeira semana de aula. Quem sabe nos encontramos na semana que vem?…

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